Teoria de Redação 1
Redação é o processo de redigir (escrever) um texto. É uma atividade presente na cultura civilizada desde a invenção da escrita e atualmente considerada um campo profissional e artístico na literatura, na produção de roteiros, na elaboração de relatórios e documentos, na publicidade e no jornalismo — entre diversas outras áreas. Por extensão, redação também é o termo usado no jargão jornalístico brasileiro para o ambiente de trabalho dos jornalistas de um veículo (jornal, revista, rádio, TV ou website).
O profissional que vive exclusivamente de escrever (textos não-autorais) é chamado de redator.
No currículo escolar, existem três modos básicos de redação: descrever, narrar, dissertar.
A descrição é uma caracterização: o redator apresenta características de alguma coisa: de uma pessoa, de um objeto, de uma paisagem, de um bicho, de uma planta, de um ser imaginário etc. - características percebidas que, com o texto, levam o leitor a perceber. A redação descritiva trabalha com a capacidade de percepção humana, enquanto sujeitos ao contato sensível com o mundo.
A descrição deve, pois, ir além do simples retrato: deve transmitir ao leitor uma visão pessoal ou uma interpretação do autor acerca daquilo que descreve, de modo a, por meio dos sentidos, nos transmitir uma imagem singular, original e criativa. Mesmo que, salvo a técnica ou científica, toda descrição revela, em maior ou menor grau, a impressão do autor sobre aquilo que descreve.
Tradicionalmente, as descrições são classificadas pelo assunto que abordam. Nessa classificação, dois tipos se destacam: a descrição geográfica e o retrato. A descrição geográfica trata da aparência das coisas não humanas tal qual se dão à percepção. O retrato trata das aparências do ser humano, enquanto indivíduo ou tipo, tanto físicas como de caráter e ideologia.
- Descrição objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem são apresentadas como realmente são, concretamente.
- Descrição subjetiva: quando há maior participação da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são transfigurados pela emoção de quem escreve.
Enquanto na descrição predominam os substantivos e adjetivos, a narração enfatiza o verbo, pois sua função é contar, relatar um fato ocorrido, presente ou por acontecer. A narrativa é uma descrição abstrata e complexa que substitui o objeto estático pela dinâmica do acontecimento. Na narrativa o objeto deixa de ser concreto e único para se transformar na relação factual entre sujeito e predicado.
A dissertação por sua vez, atinge uma complexidade lógica ainda maior, pois seu foco abandona o mundo concreto para se concentrar no plano dos significados. A dissertação expressa uma opinião, um ponto de vista, um julgamento sobre o objeto descrito ou sobre o fato narrado. Não se passa a dissertação no mundo extenso, mas no foro íntimo do sujeito, a dissertação interpreta a realidade.
A Carta
Quando queremos solicitar algo para alguém ou responder uma solicitação, fazer uma declaração de amor, despedirmo-nos, argumentar algo que foi dito, escrever diretamente a um leitor de revista ou jornal, contar novidades para o amigo que mora distante, fazer uma comunicação de um fato...ali está a carta!
Essa forma de produção textual existe desde que o homem necessita de comunicação à distância ou, mais precisamente, desde as inscrições rupestres, as quais eram cartas em forma de símbolos.
Aqui no Brasil, temos a carta-registro de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal Dom Manuel I, relatando o descobrimento das novas terras.
As cartas ditas “sociais” eram mais comuns antes do advento da tecnologia. No entanto, com a evolução da informática, hoje temos o e-mail, veículo de informação que transporta vários tipos de cartas a todo o momento.
Atualmente, é muito difícil encontrar pessoas que troquem correspondências escritas à mão. Ao contrário, elas se falam por meio do correio eletrônico, que não precisa nem mesmo de selo, ou seja, de ser pago.
Nessa seção você encontrará as características dos diversos tipos de carta: comercial, pessoal, formal, informal, de amor, de despedida, argumentativa, ao leitor, resposta.
A Crônica
A crônica é um gênero que tem relação com a ideia de tempo e consiste no registro de fatos do cotidiano em linguagem literária, conotativa.
A origem da palavra crônica é grega, vem de chronos (tempo), é por isso que uma das características desse tipo de texto é o caráter contemporâneo.
A crônica pode receber diferentes classificações:
- a lírica, em que o autor relata com nostalgia e sentimentalismo;
- a humorística, em que o autor faz graça com o cotidiano;
- a crônica-ensaio, em que o cronista, ironicamente, tece uma crítica ao que acontece nas relações sociais e de poder;
- a filosófica, reflexão a partir de um fato ou evento;
- e jornalística, que apresenta aspectos particulares de notícias ou fatos, pode ser policial, esportiva, política etc.
O e-mail
Não há o que discutir: o advento dos recursos tecnológicos facilitaram e, sobretudo, tornaram ágeis as relações humanas. Contudo, vale mencionar que nosso propósito não é discutir acerca de tais benefícios, mas sim apontar sobre as características de um dos casos representativos da ocorrência em questão: a correspondência eletrônica. Sendo assim, torna-se conveniente nos propormos a uma indagação relevante: o e-mail perfaz-se dos pormenores relacionados à escrita? Faz-se necessário termos cuidados específicos com esse tipo de comunicação?
Pois bem, as mesmas competências que desenvolvemos mediante a produção de um texto, levando em consideração todos os aspectos que norteiam a linguagem escrita, devem ser aplicadas à modalidade em questão, pois notadamente devemos nos conscientizar de que rapidez, agilidade, prescinde de dois elementos prioritários: clareza e objetividade. Para tanto, eis que alguns procedimentos básicos por parte do redator tendem a fazer com que tais aspectos se materializem de forma eficaz, permitindo com que a interlocução se efetive de forma plausível. Entre eles podemos destacar:
* Adaptação ao nível de formalidade – Mesmo em se tratando de um grau de informalidade maior entre os interlocutores não significa que a mensagem não tem de estar clara. Sendo assim, o conveniente não é escrever como se estivesse falando, abusando de frases mal organizadas e sem sentido, mas sim procurar fazer-se entender, antes de tudo.
No caso de uma comunicação empresarial, no intuito de substituir um memorando ou um comunicado interno, o cuidado deve ser ainda mais apurado, pois nesse a formalidade representa fator preponderante. Nesse sentido, deve-se levar em conta o conteúdo e o interlocutor deve evitar possíveis “tropeços”. Dessa forma, uma boa pedida é o contato assíduo com a leitura de bons livros e a constante prática da escrita.
* Releitura – Tal procedimento é de fundamental importância, tal qual em outras circunstâncias. Nesse ínterim, vale mencionar que o conhecimento dos fatos gramaticais é de grande valia, sobretudo a habilidade em empregar corretamente os sinais de pontuação, de modo a evitar possíveis “equívocos”, como por exemplo, uma vírgula mal colocada. Assim sendo, nunca é demais fazer uma releitura da mensagem, com vistas a checar se a finalidade discursiva está à altura do objetivo pretendido.
* Clareza do tópico frasal – Trata-se um procedimento que facilitará a interação entre os interlocutores, pois ao retratar do que se trata, o destinatário ficará a par do assunto mesmo antes de estabelecer contato com a mensagem propriamente dita. Observe, pois, um exemplo:
* Verificação de e-mails e respostas – Eis aí um procedimento que deve ser realizado continuamente, pois além de representar um ato cortês por parte de ambos os interlocutores envolvidos, ainda agiliza e torna concretas as intenções firmadas mediante a comunicação ora realizada.
* Postura adequada mediante a materialização do discurso – O que devemos ter em mente, embora já abordado, é que o e-mail não significa estarmos frente a frente com o interlocutor, por isso ponderação é sinônimo de elegância. Para tanto, o melhor é deixar que as emoções fluam por meio de um contato pessoal. No caso de demonstrar algum sentimento relacionado à repulsa, o melhor a fazer é colocar os pontos positivos e negativos em outra ocasião. Sendo assim, nada de escrevermos em CAIXA ALTA, como se estivéssemos gritando ou qualquer outra atitude que revele tal posicionamento.
Mediante tais pressupostos, vale mencionar que é preciso sabermos reconhecer os limites dessa tecnologia, a qual pressupõe um comportamento adequado de nossa parte, em todos os aspectos.
Teoria da Redação 2
A Predominância de alguns termos que comprometem a oralidade e a escrita
Tanto na fala quanto na escrita devemos estar atentos quanto ao uso de certas expressões que interferem na qualidade do nosso desempenho linguístico.
Como a função da linguagem é estritamente social, e a língua possui um caráter dinâmico, certas vezes nos sentimos apegados a certos modismos, como por exemplo, o uso de clichês, que inevitavelmente acabam se incorporando ao nosso vocabulário.
Todavia, enquanto falantes, devemos zelar pelo nosso perfil, pois perante a sociedade somos vistos como um “todo”, e certas atitudes acabam estigmatizando-nos diante de nossas atitudes.
A discussão em si não remete a ideia de a Gramática Normativa ser o elemento norteador no nosso cotidiano, mas sim, sabermos distinguir situações em que o contexto não permite “tais desvios”. Pois, por mais que a Linguística tenha representado um avanço muito grande para os estudiosos da língua, essa noção de certo ou errado ainda tende a se perdurar por algum tempo.
De uma maneira mais específica analisaremos os desvios mais cometidos e suas principais características. Entre eles destacam-se:
A Ambiguidade - Consiste em retratar uma situação em que a clareza da mensagem torna-se comprometida, havendo, portanto, uma duplicidade de interpretações. Como em:
O menino pegou o ônibus correndo. Neste caso, não identificamos se era o menino ou se era o ônibus que corria.
Cacofonia - Consiste na junção de sílabas que foneticamente tornam-se desagradáveis.
Eu hoje não vi ela.
Já que não posso amar ela, vou para o convento.
Pleonasmo vicioso - É o emprego de uma ideia desnecessária, uma vez que essa já faz parte da inferência do ouvinte/leitor.
O menino entrou para dento apressadamente.
Ele desceu para baixo neste exato momento.
Plebeísmo - É o emprego de certos termos que denotam falta de conhecimento/cultura por parte do falante.
Ele falou “tipo assim”...
Barbarismos - representam literalmente o erro no emprego das palavras considerando-se a grafia, semântica e pronúncia.
A conzinha está toda desarrumada.
O bebê adora tomar iorgute.
Sua sombrancelha é bem delineada.
Eco - Consiste na repetição de palavras com o mesmo som para enfatizar uma ideia
Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. (ditado popular)
Teoria da Redação 3
Antes de começar a produzir
Quando vamos escrever um texto e não estamos acostumados a redigir, o melhor é que não coloquemos nossas ideias direto na folha definitiva, pois isso pode gerar uma redação desorganizada.
Portanto, antes de começar a produzir, analise alguns pontos chaves para que nem você, nem o leitor fiquem confusos.
Observe o tema proposto: o que você sabe sobre esse assunto, o que você leu a respeito? Coloque no papel.
De acordo com seu conhecimento, você é contra ou a favor do tema sugerido? Defina-se e defenda seu enfoque. Portanto, fique atento se a ideia do início é sustentada até o final.
Após escolher o ponto de vista, determine o objetivo de seu texto: esclarecer, impactar, alertar,
Em seguida, estabeleça a ideia principal que virá no primeiro parágrafo. Então, selecione os argumentos que irão sustentá-la no decorrer do escrito. Este contexto deve apresentar fatos, causas e consequências que permeiam o assunto em questão.
Por fim, não se esqueça de concluir! A conclusão deve retomar o ponto de vista e apresentar uma solução ou uma sugestão a respeito do problema que foi apresentado.
Veja um exemplo:
Tema proposto: Meio ambiente
Conhecimento sobre o assunto: Aprendi o que é efeito estufa e li uma reportagem sobre as sequelas ocasionadas pelo aumento de temperatura.
Ponto de vista: Contra o efeito estufa.
Objetivo: alertar os leitores sobre as implicações desastrosas do aumento da temperatura.
Argumentos: causas: emissão de gases poluentes, desmatamento; consequências: derretimento das geleiras, desequilíbrio, migrações.
Conclusão: apontar possíveis soluções para amenizar o problema.
Com tudo organizado, a produção será realizada com muito mais facilidade!
Teoria da Redação 4
A Ambiguidade
Duplicidade de sentido, seja de uma palavra ou de uma expressão, dá-se o nome de ambiguidade. Ocorre geralmente, nos seguintes casos:
Má colocação do Adjunto Adverbial
Exemplos: Crianças que recebem leite materno frequentemente são mais sadias.
As crianças são mais sadias porque recebem leite frequentemente ou são frequentemente mais sadias porque recebem leite?
Eliminando a ambiguidade: Crianças que recebem frequentemente leite materno são mais sadias.
Crianças que recebem leite materno são frequentemente mais sadias.
Uso Incorreto do Pronome Relativo
Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes que estava sobre a cama.
O que estava sobre a cama: o estojo vazio ou a aliança de diamantes?
Eliminando a ambiguidade: Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes a qual estava sobre a cama.
Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes o qual estava sobre a cama.
Observação: Neste exemplo, pelo fato de os substantivos estojo e aliança pertencerem a gêneros diferentes, resolveu-se o problema substituindo os substantivos por o qual/a qual. Se pertencessem ao mesmo gênero, haveria necessidade de uma reestruturação diferente.
Má Colocação de Pronomes, Termos, Orações ou Frases
Aquela velha senhora encontrou o garotinho em seu quarto.
O garotinho estava no quarto dele ou da senhora?
Eliminando a ambiguidade: Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dela.
Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dele.
Ex.: Sentado na varanda, o menino avistou um mendigo.
Quem estava sentado na varanda: o menino ou o mendigo?
Eliminando a ambiguidade: O menino avistou um mendigo que estava sentado na varanda.
O menino que estava sentado na varanda avistou o mendigo.